As transcrições dos telemóveis de alguns dos 12 detidos da Operação Pretoriano foram juntas aos autos do processo, adiantou hoje fonte judicial à agência Lusa, num dia em que está agendado o interrogatório de Fernando Madureira.

O juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira tinha chamado os advogados de todos os arguidos ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto antes das 12h30, depois de ter analisado o relatório do conteúdo presente em alguns telemóveis apreendidos durante as buscas, remetendo esses meios de prova para o procurador do Ministério Público.

O Ministério Público vai agora analisar essa informação e decidir se há matéria relevante para juntar ao processo, enquanto as diligências devem reiniciar-se de tarde com o depoimento de Vítor Oliveira, que chegou ao TIC por volta das 9h30, proveniente da esquadra da Bela Vista.

Seguem-se Vítor Catão, adepto do FC Porto e antigo presidente do São Pedro da Cova, que também tem pernoitado naquela esquadra do Porto, e Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, que chegará de Santo Tirso para o oitavo e último interrogatório.

Inicialmente, Fernando Madureira não tinha intenção de prestar declarações, mas viria a mudar de estratégia, mostrando-se disponível para ser ouvido em tribunal, numa sessão que estava originalmente agendada para a tarde de sexta-feira, mas transitou para hoje.

Na sexta-feira, foram ouvidos pelo juiz António Moreira de Sá, que acabou o depoimento iniciado na véspera, José Pereira, Vítor Aleixo e os dois funcionários do emblema azul e branco implicados na Operação Pretoriano, casos de Tiago Aguiar e de Fernando Saul.

Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira e vice-presidente dos Super Dragões, permanecerá durante o dia em Santo Tirso, já que não pretende prestar declarações no primeiro interrogatório judicial no TIC, que visará a determinação de medidas de coação.

Na quarta-feira, a PSP deteve 12 pessoas – incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira –, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes verificados numa Assembleia Geral extraordinária do clube.

De acordo com documentos judiciais, aos quais a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo” na Assembleia Geral do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, na qual houve incidentes, para que fosse aprovada a revisão estatutária, “do interesse da atual direção” ‘azul e branca’.

A Procuradoria-Geral Distrital do Porto divulgou que estão em causa “crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação”.